sexta-feira, 24 de junho de 2011

Um novo dia

Quero viver um novo dia
Cansei de minha fragilidade
Vencerei meu medo
Tenho sede de felicidade

Quero deixar meu corpo pleito
Livre das amarras do passado
Fazer do ato um feito
Não sonho cristalizado

Tudo na sintonia do espaço
Não será mera recordação
Quando chegares abrirem meus braços
Farei desta noite uma canção.

Pai

Pai, hoje faz trinta e cinco anos que partistes. Neste dia as lembranças são mais forte, sinto saudades do teu ombro amigo e do teu carinho.


Sei bem, que estás em outra dimensão. Sei também que se puderes estarás acompanhando meus passos. Como a guiá-los, como fazias quando eu era criança. Bons tempos aqueles pai!


Que eu podia correr, brincar e quando alguma coisa ameaçava-me perigo, corria para junto de ti. Então abraçavas-me e esfregavas a tua barba espessa, era teu jeito de dizeres ; não tenhas medo estou aqui . Eras um homem forte , muitas vezes temido pela tua força, teimosia e determinação, mas às vezes conseguia ver em ti um coração de criança. Hoje, muitas vezes meditando, vendo o sol ou as estrelas procuro-te e não sei porquê? Quando elevo o pensamento a ti, acalmo-me, parece que tudo em torno de mim está em paz, apesar de todas as tempestade. Pai, continuas a ser para mim a referência do amor, carinho e honestidade.


Nosso Amor

   Teu amor deu-me abrigo
   No deserto de minha solidão
   Teus braços  cingiram-me
   Cheios de ternura e paixão

   Tu foste para mim
   A primavera chegando
   Um sorriso de criança
   Num barquinho navegando
 
   No  teu ombro amigo
   Sempre encontro refúgio
   Nunca  negastes-me apoio
   És meu porto seguro.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Visão de Paradela na década de 70

Pequena aldeia transmontana com aprox. 300 habitantes.
A Rua Direita era a principal.
No meio da aldeia um largo, palco de todos os acontecimentos do lugar. Era rodeado por uma igreja, os tanques colectivos, onde as novidades corriam de boca em boca, o jardim da Casa Gama com árvores lindas e raras (pena terem sido trocadas por esqueletos de casas inacabadas), o tanque bebedouro dos animais, a fonte onde as senhoras sentavam à tardinha para saberem as notícias recentes e verem o vai e vem do largo.
O meio do largo era enfeitado por uma bica de água cristalina e um lindíssimo chorão, onde homens jogavam cartas e bebiam vinho.
Existiam duas mercearias, a do Sr. Abílio Figueiredo no Largo e a da Marquinhas no Curral. Ali podia-se comprar o que a terra não fornecia.
Os campos todos cultivados por: belas searas, vinhas, olivais, cerejeiras etc...
As famílias eram simples e ordeiras.
Os mais velhos aceitavam a vida tranquila do campo. Os jovens saiam sequiosos de conhecer o
mundo. Porém, quase todos voltavam para as férias de verão.
Não importava a casa simples, a mesa tosca, mas farta de pão e afecto.
Foi nesse lugar mágico que nasci, cresci e vivi os amores platónicos tão próprios da juventude.

LEMBRANÇAS

Se um dia no futuro te encontrar.
Mesmo de longe, não deixa de saudar-me.
As lembranças são eternas, não fugazes como os beijos.
Porém, os teus marcaram-me de tal forma que ainda hoje sinto;
o gosto dos teus lábios e o suave odor do teu perfume.

VIDA

Hélvida Natividade, mulher vivida.
Movida por uma força indevida, resolvida a ser mulher da vida.
Certa vez fica envolvida.
Grávida, já com a barriga desenvolvida fica comovida.
Removida para a maternidade, nasce Lívida. Ávida, provida.
Devolvida à ciranda da vida.


domingo, 15 de maio de 2011

Visão de Paradela da década de 70

Uma pequena aldeia com aproximadamente 300 habitantes.
A Rua Direita era a principal,(ainda hoje é assim) no meio da aldeia uma igrejinha, os tanques coletivos, onde as novidades passavam de boca em boca, o jardim da casa Gama com suas árvores lindas e raras, ( pena serem arrancadas e trocadas por esqueletos de casas inacabadas ) um largo, palco de todos os acontecimentos do lugar, um chorão lindíssimo dava frescor às tardes quentes de verão e guardava muitas histórias e alguns segredos de várias gerações. Homens jogavam cartas e bebiam copos de vinho. Ah! A fonte onde as senhoras sentavam para saberem das notícias mais recentes e verem o vai e vem do largo.
Em Paradela haviam duas mercearias/bares, a do Sr. Abílio e da Marquinhas , onde podia-se comprar o que a terra não fornecia e ainda tomar alguns copos.
Os campos eram cultivados com belos trigais, batatais, vinhas, olivais, lindas cerejeiras e muito mais...
As pessoas eram ordeiras e simples , aceitavam tranquilamente a vida do campo. Os mais jovens saíam sequiosos para conhecer o mundo. Porém, quase todos voltavam , nem que fosse para passarem as férias de verão.
O Mês de Agosto era sempre uma festa. Bastava um toca discos, meia dúzia de pares, o baile estava armado, claro, com o nosso querido Diamantino abrilhantando o baile.
A aldeia só ficava cheia realmente na apanha da azeitona, vinha gente de todo lado, cantorias eram escutadas pelos campos , cantigas de amores sofridos, de filhos que foram para a guerra, etc... e assim, amenizava-se o frio.
Quem não lembra das anedotas do Nuno, dos bons-dias do Sr.Mário da Cacilda , Do Sr. Manuel Estopas trazendo a mala do correio de Mascarenhas por anos e anos a fio, cada carta trazida para mim, era paga com um copo de vinho, do Alcino ameaçando o Santo António ,caso chovesse no dia da festa, da mota do Zé Curina subindo pelas paredes, da joaninha do João Barragão e o carro do Carlos Alberto quebrando o silêncio do lugar. Tantos outros que ficaram nas lembranças.
Foi neste lugar mágico que nasci, vivi meus amores platônicos, tão próprios da juventude.
Não importava a casa simples ou mesa tosca , mas cheia de pão e principalmente de afeto.

Saudade

Olho através da janela,vejo prédios altos, só asfalto.
Querendo sentir o cheiro primaveril da minha Terra.
Ah! As cerejas,as azeitonas, o azeite,os queijos e o vinho. Não existem sabores iguais. Estão impregnados em mim, assim como as lembranças.
Esta saudade estrangula-me. É forte.
Confesso ter uma inveja quase contida.
Sou filha da Terra, do Luís e da Amélia.Amiga de todos vós.

Pensamentos

Meus pensamentos
são volúpias
atiradas ao vento.
Feito um guerreiro valente.
Lanço-me no futuro.
Querendo amar-te somente.
No amor ou na guerra.
Tudo vale.
Meu coração não tem pátria
Nas conquistas ou derrotas.
Sou guerreiro ,sou valente.
Sou amante independente.

domingo, 13 de março de 2011

Sonhos e ilusões

Acalentando sonhos a donzela espera
Com carinho afaga calosas mãos
À noite lê versos mal rabiscados
sob a luz do lampião.

A noite vai alta e a donzela divaga.
Cheia de viço e afeição
refresca a cabeça nas flores silvestres.
Para acalmar desejo e ilusão.

Um dia na madrugada
A moça sonhadora entrega-se.
Cheia de carinho e apaixonada
O tempo passa, a barriga estufa.

O príncipe de mãos calosas esquece
as juras de amor e paixão.
há somente ingratidão.
Cadê os sonhos da donzela?
Não têm mais viço ou ardor.
Só existe a angústia que mistura
o gozo,o choro, e a dor.
ASERET,Correia

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Vida X Vida

Tenho imensa pena das pessoas.
Que passam pela vida lentamente.
Sem saberem a que vieram exactamente.
Um dia amanhece.
Elas partem abruptamente.
Sem deixar saudade, nem semente.
Admiro aquelas que surgem de mansinho.
E na sua mansidão, o vento se acalma.
Que fazem da vida uma canção .
Dançando todos os compassos.
Sem apagar a última chama.
Que plantam nos corações a amizade.
Exaltando respeito e o perdão.
Quando partem .
Fica a saudade e os frutos.
Do brilho que não se transformaram em tédio.
Da vida que não passou em vão.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Luísa

Hoje, passado tanto tempo ,daquele dia que te deixei dormindo. Embora saiba que tu estavas simplesmente evitando a despedida, ainda dói em mim.
O que tu não sabes é que durante muitos anos procurei teu rosto em todas as crianças e que a
tua lembrança foi companheira no vazio de minha solidão.
Muitas vezes senti-me como a vida me passasse uma rasteira. Deixar-te foi difícil, mas sentia
uma força maior puxando-me para longe. Tirando-me a oportunidade de ver crescer a pessoa que eu mais amava. Sei quanto sofreste, o quanto sofri.
O tempo passou , as marcas ficaram, como um sentimento quase triste.
Foi o nascimento da Bárbara que amenizou minha dor (culpa) e muitas vezes a confundi contigo.
Existem enganos que não podemos mudar, mas sei também que o amor é o único sentimento que ultrapassa e perdoa, as decepções.
Sei também a tua capacidade de amar e acredita , tu e meus filhos sois a pessoas que eu mais amo no mundo.

O Homem / preguiça

O homem pode superar os vícios, porém a preguiça é tanta que deixa essa tarefa para o dia seguinte. Um dia repara que passou muito tempo, seus vícios estão enraizados em seu próprio coração. Então, pensa já estou muito velho não vale mais a pena mudar. Se eu tivesse como começar de novo faria tudo diferente.
Engano, ele teve sua segunda chance e nem a percebeu.
"Mudanças são difíceis, porém muitas vezes necessárias". O mérito está exactamente na superação dos enganos cometidos e no interesse verdadeiro do recomeço.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Saudade

Saudade é uma palavra que só existe no vocabulário português. Talvez por isso, eu entenda
de saudade como ninguém. Moro há trinta e um anos no Brasil. Como foi difícil conviver com ela todos estes anos.
Em Portugal deixei amigos,irmãs e sobrinhos. Foi bastante doloroso este processo de separação, principalmente por ficar longe dos meus filhos do coração (meus sobrinhos). Sinto muito por não ter acompanhado de perto suas vidas, ter perdido coisas pequenas como: namoros, casamentos, nascimento de seus filhos. Às vezes dói muito.
Nunca mais tinha visto o meu sobrinho Carlos.Ele mora em França. Seja por destino ou não toda a vez que eu ia em Portugal não conseguia-mos conciliar nossas férias. Não posso esquecer jamais a emoção sentida em Agosto passado quando finalmente o vi. Um filme inteiro passou na minha mente naquele momento, foi uma das minhas maiores emoções, sem palavras.
Para mim é muito importante manter laços afectivos com minha família. Os filhos dele são lindos! Aliás meus sobrinhos são fabulosos.
Adoro o Brasil, aqui encontrei uma certa paz interior numa época difícil para mim. Muito cedo perdi meus pais . Estava impossível conviver com realidade, então resolvi vir para o Brasil. Voltei a estudar, arrumei emprego, casei, tenho três filhos maravilhosos, mas toda vez que vou a Portugal, o regresso torna-se insuportável, aqui chegando levo tempo para me reestruturar emocionalmente.