domingo, 15 de maio de 2011

Visão de Paradela da década de 70

Uma pequena aldeia com aproximadamente 300 habitantes.
A Rua Direita era a principal,(ainda hoje é assim) no meio da aldeia uma igrejinha, os tanques coletivos, onde as novidades passavam de boca em boca, o jardim da casa Gama com suas árvores lindas e raras, ( pena serem arrancadas e trocadas por esqueletos de casas inacabadas ) um largo, palco de todos os acontecimentos do lugar, um chorão lindíssimo dava frescor às tardes quentes de verão e guardava muitas histórias e alguns segredos de várias gerações. Homens jogavam cartas e bebiam copos de vinho. Ah! A fonte onde as senhoras sentavam para saberem das notícias mais recentes e verem o vai e vem do largo.
Em Paradela haviam duas mercearias/bares, a do Sr. Abílio e da Marquinhas , onde podia-se comprar o que a terra não fornecia e ainda tomar alguns copos.
Os campos eram cultivados com belos trigais, batatais, vinhas, olivais, lindas cerejeiras e muito mais...
As pessoas eram ordeiras e simples , aceitavam tranquilamente a vida do campo. Os mais jovens saíam sequiosos para conhecer o mundo. Porém, quase todos voltavam , nem que fosse para passarem as férias de verão.
O Mês de Agosto era sempre uma festa. Bastava um toca discos, meia dúzia de pares, o baile estava armado, claro, com o nosso querido Diamantino abrilhantando o baile.
A aldeia só ficava cheia realmente na apanha da azeitona, vinha gente de todo lado, cantorias eram escutadas pelos campos , cantigas de amores sofridos, de filhos que foram para a guerra, etc... e assim, amenizava-se o frio.
Quem não lembra das anedotas do Nuno, dos bons-dias do Sr.Mário da Cacilda , Do Sr. Manuel Estopas trazendo a mala do correio de Mascarenhas por anos e anos a fio, cada carta trazida para mim, era paga com um copo de vinho, do Alcino ameaçando o Santo António ,caso chovesse no dia da festa, da mota do Zé Curina subindo pelas paredes, da joaninha do João Barragão e o carro do Carlos Alberto quebrando o silêncio do lugar. Tantos outros que ficaram nas lembranças.
Foi neste lugar mágico que nasci, vivi meus amores platônicos, tão próprios da juventude.
Não importava a casa simples ou mesa tosca , mas cheia de pão e principalmente de afeto.

Nenhum comentário:

Postar um comentário