quarta-feira, 25 de maio de 2011

Visão de Paradela na década de 70

Pequena aldeia transmontana com aprox. 300 habitantes.
A Rua Direita era a principal.
No meio da aldeia um largo, palco de todos os acontecimentos do lugar. Era rodeado por uma igreja, os tanques colectivos, onde as novidades corriam de boca em boca, o jardim da Casa Gama com árvores lindas e raras (pena terem sido trocadas por esqueletos de casas inacabadas), o tanque bebedouro dos animais, a fonte onde as senhoras sentavam à tardinha para saberem as notícias recentes e verem o vai e vem do largo.
O meio do largo era enfeitado por uma bica de água cristalina e um lindíssimo chorão, onde homens jogavam cartas e bebiam vinho.
Existiam duas mercearias, a do Sr. Abílio Figueiredo no Largo e a da Marquinhas no Curral. Ali podia-se comprar o que a terra não fornecia.
Os campos todos cultivados por: belas searas, vinhas, olivais, cerejeiras etc...
As famílias eram simples e ordeiras.
Os mais velhos aceitavam a vida tranquila do campo. Os jovens saiam sequiosos de conhecer o
mundo. Porém, quase todos voltavam para as férias de verão.
Não importava a casa simples, a mesa tosca, mas farta de pão e afecto.
Foi nesse lugar mágico que nasci, cresci e vivi os amores platónicos tão próprios da juventude.

LEMBRANÇAS

Se um dia no futuro te encontrar.
Mesmo de longe, não deixa de saudar-me.
As lembranças são eternas, não fugazes como os beijos.
Porém, os teus marcaram-me de tal forma que ainda hoje sinto;
o gosto dos teus lábios e o suave odor do teu perfume.

VIDA

Hélvida Natividade, mulher vivida.
Movida por uma força indevida, resolvida a ser mulher da vida.
Certa vez fica envolvida.
Grávida, já com a barriga desenvolvida fica comovida.
Removida para a maternidade, nasce Lívida. Ávida, provida.
Devolvida à ciranda da vida.


domingo, 15 de maio de 2011

Visão de Paradela da década de 70

Uma pequena aldeia com aproximadamente 300 habitantes.
A Rua Direita era a principal,(ainda hoje é assim) no meio da aldeia uma igrejinha, os tanques coletivos, onde as novidades passavam de boca em boca, o jardim da casa Gama com suas árvores lindas e raras, ( pena serem arrancadas e trocadas por esqueletos de casas inacabadas ) um largo, palco de todos os acontecimentos do lugar, um chorão lindíssimo dava frescor às tardes quentes de verão e guardava muitas histórias e alguns segredos de várias gerações. Homens jogavam cartas e bebiam copos de vinho. Ah! A fonte onde as senhoras sentavam para saberem das notícias mais recentes e verem o vai e vem do largo.
Em Paradela haviam duas mercearias/bares, a do Sr. Abílio e da Marquinhas , onde podia-se comprar o que a terra não fornecia e ainda tomar alguns copos.
Os campos eram cultivados com belos trigais, batatais, vinhas, olivais, lindas cerejeiras e muito mais...
As pessoas eram ordeiras e simples , aceitavam tranquilamente a vida do campo. Os mais jovens saíam sequiosos para conhecer o mundo. Porém, quase todos voltavam , nem que fosse para passarem as férias de verão.
O Mês de Agosto era sempre uma festa. Bastava um toca discos, meia dúzia de pares, o baile estava armado, claro, com o nosso querido Diamantino abrilhantando o baile.
A aldeia só ficava cheia realmente na apanha da azeitona, vinha gente de todo lado, cantorias eram escutadas pelos campos , cantigas de amores sofridos, de filhos que foram para a guerra, etc... e assim, amenizava-se o frio.
Quem não lembra das anedotas do Nuno, dos bons-dias do Sr.Mário da Cacilda , Do Sr. Manuel Estopas trazendo a mala do correio de Mascarenhas por anos e anos a fio, cada carta trazida para mim, era paga com um copo de vinho, do Alcino ameaçando o Santo António ,caso chovesse no dia da festa, da mota do Zé Curina subindo pelas paredes, da joaninha do João Barragão e o carro do Carlos Alberto quebrando o silêncio do lugar. Tantos outros que ficaram nas lembranças.
Foi neste lugar mágico que nasci, vivi meus amores platônicos, tão próprios da juventude.
Não importava a casa simples ou mesa tosca , mas cheia de pão e principalmente de afeto.

Saudade

Olho através da janela,vejo prédios altos, só asfalto.
Querendo sentir o cheiro primaveril da minha Terra.
Ah! As cerejas,as azeitonas, o azeite,os queijos e o vinho. Não existem sabores iguais. Estão impregnados em mim, assim como as lembranças.
Esta saudade estrangula-me. É forte.
Confesso ter uma inveja quase contida.
Sou filha da Terra, do Luís e da Amélia.Amiga de todos vós.

Pensamentos

Meus pensamentos
são volúpias
atiradas ao vento.
Feito um guerreiro valente.
Lanço-me no futuro.
Querendo amar-te somente.
No amor ou na guerra.
Tudo vale.
Meu coração não tem pátria
Nas conquistas ou derrotas.
Sou guerreiro ,sou valente.
Sou amante independente.