sábado, 7 de setembro de 2013

Minha Escola

A e
Minha escola ficava num anexo da Casa do Sr.Tibério Peixeiro( mais conhecida como casa Cabral). Era uma única sala para quatro classes, aproximadamente  40 alunos. Na sala havia: um quadro negro, uma estante onde eram expostos os  cadernos dos melhores alunos, a mesa da professora, em sua gaveta ficava uma régua de madeira para aplicar os castigos, terror da maioria dos alunos.
O recreio era feito no largo do casario. Os meninos brincavam de jogar pião, malha etc... Já as meninas  brincavam de saltar corda, macaca, jogo do lenço, passar anel, etc...Rara vezes brincávamos juntos, meninos e meninas e quando isso acontecia a brincadeira  era  só de reis e rainhas.
   Nos dias de chuva não podíamos brincar. Então, ficávamos quietos na sala, quem se atrevia a falar ou ficar de brincadeira apanhava com a tão temida régua, as mãos ficavam vermelhas e doíam brutalmente. Ficávamos entregues à nossa dor e humilhação.
Usava-se uma lousa que era apagada por uma almofadinha de pano, a tabuada era decorada e cantada e ai de quem a errasse . A escola não tinha casa de banho, o cheiro atrás dela era nauseabundo, também não tinha aquecimento. Então, levávamos um lato velho, daqueles usados nas noras e que já não serviam para tirar a água. Braseirinha  era só para os mais abastados.
Lembro-me perfeitamente na primeira classe que fui eu que terminei o livro de leitura primeiro e como recompensa recebi um livro com a História da Rainha do Coração de Pedra.
Eram histórias tristes, mas de alguma forma despertaram-me o interesse pela leitura, hábito mantido até hoje. Engraçado, lembro-me de quase todos os colegas da escola.: O Toninho Tralhão, o Belito sempre a aprontar das suas, a Maria da Cândida que não gostava de ir para a escola, a Alice e sua irmã Albertina que não conseguiam aprender, os alunos das Pousadas etc... Na quarta classe eramos eu, o Zé Amendoeira, o Fernando Pinheiro, a Alice Quintela, a Alice Minhota, a Fatinha e a Maria Profetisa.
Naquela época não se investia em educação,  nem no espaço escolar, nada  tínhamos , a não ser uma imensa vontade de aprender ( alguns de nós), nossa imaginação ia além dos muros da escola tínhamos sede de conhecimento .
Havia ali ótimos alunos vou citar dois como exemplo; O Zé Amendoeira e o Fernando Pinho, eram muito bons .Tenho amigos dessa época e outros que perderam-se pelo caminho, mas tenho saudades de tudo que vivi e aprendi  nessa pequena e humilde escola.

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